quinta-feira, setembro 28, 2006

SOCIEDADE CONSUMISTA
Por: Leandro Gameleira do Rêgo
Capitalismo é o sistema econômico que se caracteriza pela propriedade privada dos meios de produção. Nesse sistema, a produção e a distribuição das riquezas são regidas pelo mercado, no qual, em tese, os preços são determinados pelo livre jogo da oferta e da procura. O capitalista, proprietário de empresa, compra a força de trabalho de terceiros para produzir bens que, após serem vendidos, lhe permitem recuperar o capital investido e obter um excedente denominado lucro. Essas são as principais características do capitalismo. ´
Entretanto, há de se considerar que essa relação de compra e venda de força de trabalho não é tão simples quanto parece, existem muitas peculiaridades que devem ser apontadas tanto do ponto de vista econômico quanto social. O indivíduo que vende sua força de trabalho para o capitalista passa a fazer parte do processo de produção não mais como responsável por ela; perde sua individualidade e sua condição de ser pensante, e passa a ser objeto produtivo, mas não é dono do que produz, uma vez que o capitalista ao comprar a força de trabalho, adquire o direito de propriedade de tudo que é produzido por essa força. Assim o trabalhador passa a fazer parte daquele objeto o qual produz, pois sua força de trabalho, ou melhor, a força de trabalho que ele vendeu e agora não é mais sua, está incorporada na mercadoria e agora passa a ser negociada no mercado.
A relação de compra e venda de mercadorias apresenta também características aparentemente distorcidas, se considerarmos que as mercadorias ou bens negociados no mercado não são meramente objetos, mas sim resultado da força de trabalho alienada pelo capitalista, a um preço determinado pelo tempo socialmente aceito para a produção, incorporada nos bens e revendida direta ou indiretamente aos consumidores. Além disso, a mercadoria figura na sociedade capitalista, não só o objeto de negociação, mas também a núcleo de fundamentação das relações sociais; Daí si diz que a sociedade capitalista é a sociedade consumista, pois as relações de compra e venda são a base da estrutura social. Nesta sociedade é mais bem conceituado aquele que mais tem poder de adquirir um maior número de mercadorias, e tão inerente ao capitalismo é essa concepção que fica difícil distinguir se está se adquirindo uma mercadoria por necessidade fisiológica ou social. Na sociedade consumista, existe um fator que distorce a relação determinante do preço das mercadorias, as “Marcas”.
Para se ter uma idéia, alguns produtos similares que diferem muito o preço, somente por receber uma etiqueta com nome diferente. Tomemos como exemplo duas camisetas, que tem como valor de uso vestir o corpo e que foram produzidas utilizando o mesmo tipo de tecido, sendo do mesmo tamanho, mas de marcas diferente; entrando numa loja de uma marca de roupas muito conhecida, cujo nome lembra um adorno redondo que é prezo geralmente ao peito, podemos perceber que uma camiseta custará um valor muito maior somente pelo fato de ter essa marca específica estampada ou bordada.
De fato, aquele que sair na rua com essa camiseta certamente será mais bem conceituado que qualquer outro que saia com uma camiseta lisa ou com uma estampa menos conhecida. Mesmo não conhecendo o indivíduo, as pessoas tomarão juízo sobre ele com base naquela marca em seu peito. A marca passa a ser sua identidade assim como um parâmetro de referência a ele. Isso não acontece somente com camisetas, mas praticamente com todo e qualquer bem que adquirimos; as marcas passam a dominar a nossa vida, a determinar a nossa identidade, incumbidas em nossa mente, determinando os nossos gostos e nossas atitudes.

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